Pensei muito sobre manter este espaço ou iniciar outro para poder escrever o que me vem à cabeça, sem o receio de que você possa passar por aqui e ler. No entanto, este é um risco que corro e o outro é o de você nunca mais passar por aqui, sendo assim, continuarei com meus desabafos por aqui.
Amanhã retomarei as aulas e como todos os anos, com turmas novas. Parece que a vida me proíbe de criar laços, de continuar com as mesmas pessoas. Elas chegam, me desafiam, me amam, me odeiam e quando chegamos num ponto bom, elas seguem e eu fico. Será este o meu papel nesta vida? Receber, acolher e encaminhar? As pessoas passam por mim, algumas arrancam boa parte de minha energia vital e a levam consigo, outras, passam por passar.
Eu envelheço e eles sempre chegam com a mesma idade, só que o mais engraçado é que o avançar da idade não me isenta de sentir, de sofrer com os apegos e desapegos. Quantos jovens amei e depois de um tempo nunca mais os vi. Quantos me apeguei e eles se foram, mas para nenhum eu abri meu coração, exceto uma. Eu os amava e admirava, os tinha por irmãos, por filhos, por amigos e eles não sabiam.
Nesta jornada com a juventude, sempre me orientaram a não me envolver, a não entregar meu coração, porque fatalmente eu sofreria. Eles passam, eles apenas buscam um pouco de colo porque têm medo de crescer, e depois quando se sentem um pouquinho seguros, se vão e nem sequer olham para trás.
Eu tinha a minha própria didática de afastamento quando comecei a lecionar, mas a convivência ficava difícil e sofrível para mim, daí, cai na armadilha do apego e caí de cabeça, fiquei abobada, absurdamente envolta e ainda estou em muitos sentidos. Três anos, três anos construindo uma convivência que eu sonhara avançar, mas três anos na vida de uma jovem é comparável a dez anos num adulto. São tantas as mudanças que se processam que a gente não dá conta de perceber, mas que se resume em criar confiança e seguir.
Hoje eu entendo as pessoas que me orientaram a não me apegar, sei que no fundo queriam me dizer que o processo é doloroso, mas eu tenho esse meu jeito práxico de aprender as coisas, quero testar as teorias e formular as minhas próprias conclusões. Eu ainda não tenho conclusões a respeito dessa história, porque para mim ela ainda não acabou, está num casulo. Mas eu sei que não quero mais e não vou mais permitir a aproximação tão intensa de outros. Aprendi a essência destes relacionamentos, eles apenas querem um apoio, alguém que os acuda num sufoco, alguém que os ajude a enxergar o que têm de bom e os motive a caminhar. Eles acham, ingenuamente é claro, que eu não preciso do mesmo, que sou forte, que posso amparar.
Eu faço por eles o que não fizeram por mim, eu sei o quanto é difícil, mas esta dinâmica não é tão boa assim, porque por não ter recebido na hora certa, eu espero algo em troca, que não vem. Amanhã eles e elas chegarão, não sei quem virá, mas já sei que não passarão dos novos portões que construi, porque quem não se preserva acaba não sendo respeitado.
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