O sol, percebendo a
insegurança das leguminosas missionárias, chegou de mansinho e aqueceu-as afetuosamente.
Nenhum ser da natureza é ignorado, todos dançam no mesmo ritmo, num equilíbrio
fenomenal, magnífico. Uns se alimentam dos outros, um dá a vida ao outro. Não
há disputa cruel, há equilíbrio ecológico. São as pessoas que abalam este
equilíbrio, subjugam-na a seu bel- prazer. A natureza por si é sábia e
obediente, criativa e afetiva.
Lá
estavam elas, as jovens missionárias, as escolhidas e enviadas de horta
Esperança. Estavam frente a frente com o cultivador. Daquele que dedicou uma
vida toda a cuidar da manutenção da vida. Cenotita relembrava as sábias
palavras de Sempre-Viva, os gestos maternos de Terra, as recomendações de
Rosa-Flor e a confiança de Pinheiro-Silvestre. Cenorramaria pensava em seus semelhantes, na
construção da própria identidade.
-
Cenotita?
-
Sim.
-
O que vamos fazer?
-
Nada.
-
Por que não vamos fazer nada?
-
Porque vamos ser.
-
Vamos ser o quê?
-
Vamos ser nós mesmas. Vamos ser cenoura e cenorraba. Exalar nossos aromas,
espreguiçar nossas folhas, crescer e ficarmos belas. Assim, quando o cultivador
acordar, verá na realidade, aquilo com o que ele está sonhando.
Fim...ou início...
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