Há alguns anos atrás quando decidi, meio impulsivamente fazer um curso chamado Naturopatia, entrei em contato com teorias chinesas a respeito da saúde e da doença. Além de teorias indianas e de outras culturas milenares. O que mais me fascinou na época foi a visão holística que se desenvolve nestes estudos. Acho que de alguma forma eu já intuía tais conceitos, mas não sabia como explicá-los.
Foi de fato um ano e meio de curso e interessantes aprendizagens, porém, há em mim um incômodo com as teorias. Elas sempre me insatisfazem. Quero dizer que por mais que eu aprenda, por mais que me expliquem, sempre fica o "será que é só isso"? E acabo me lançando no fogo do inferno das dúvidas. Mas hoje não pretendo destilar minhas incompreensões, mas sim refletir neste aprendizado e relacioná-lo ao meu estado atual.
Recordo-me que tive um professor que nos explicou os conceitos básicos da medicina chinesa. Os elementos e suas relações com os órgãos e vísceras; os meridianos e os conceitos do Tao de yin e yang. Recebemos uma tabela para descobrir qual elemento nos rege, algo que calculávamos com nossa data de nascimento. Eu sou madeira. Ótimo. Mas o que isto significa? - perguntei-me.
Não me lembro de todas as explicações, mas recordo-me que o órgão relacionado ao elemento madeira é o fígado e que o principal sentimento que lhe é relacionado é a raiva. Puxa. Não aceitei muito bem isto, acho até que fiquei com um pouco de raiva por saber, rsrs. Também aprendi que pessoas do elemento madeira desenvolvem enxaqueca. Não é fácil aceitar que se tem raiva. É quase como ter uma doença contagiosa, as pessoas não gostam de ficar próximas a quem tem raiva.
Peguei-me em minha vida em vários acessos de raiva. Eu não queria ser assim, não queria ser conhecida como a nervosinha ou a raivosa. Passei a observar que algumas pessoas me viam exatamente da maneira contrária e aos poucos fui percebendo que a raiva não era a minha essência, mas apenas uma manifestação de que algo estava fora do meu controle, da minha possibilidade de compreensão. De criança eu costumava bater a cabeça na parede quando não aprendia algo. No começo minha mãe corria e me protegia, depois passou a deixar-me dizendo: "Quando você sentir dor, vai parar". Então eu chorava até a exaustão.
Acho que de alguma forma continuo batendo minha cabeça na parede e esta dor que agora me aflige é o sinal do momento de parar. Tenho uma voz doce e infantil que por vezes ressoa em minha mente dizendo: "Ah...por que você faz isso com você mesma?" Eu ainda não sei, meu bem. Só sei que estou cansada e quero parar, quero deixar ir embora tudo o que não preciso mais e ter a consciência limpa, com pensamentos frescos, novos e cheios de vida.
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