Dois anos sem ela. Dois anos em que definitivamente ela fechou os olhos e foi ao encontro de seus pais, irmãos, esposo e filhos. Deixou-nos quinze dias após o acidente vascular cerebral, que acontecera exatamente no aniversário de morte de seu esposo. São 365 dias no ano para acontecer algo assim. Será uma coincidência? Será um tipo de comunicação? Não sei, mas sei que coisas assim mexem com a gente.
Minha querida avó, referência da minha vida. Símbolo de luta, de fé, de dedicação. Creio na ressurreição, assim como você cria. Creio que você tem hoje um corpo novo, cósmico e ilimitado, quem sabe mais jovem, assim como te vejo nas fotos que trouxera da Ilha. Sempre com um sorriso maroto no rosto, por pior que fosse a situação, por mais dores que você tivesse.
Engraçado vó, não me lembro de que você tivesse dores no corpo ou doenças, mesmo depois de tão velhinha, com as perninhas arcadas pelo tempo. Mas quantas foram as dores de tua alma! Não sei se eu aguentaria. Nenhuma blasfêmia, nenhuma revolta, só um suspiro profundo e lágrimas discretas. Como você conseguia? De onde você está ensina-me. Um novo ano se inicia e eu preciso aprender a ser mais forte e a ter mais fé.
Vou passear novamente, vó. E eu queria muito te contar isso. Fico imaginando aquele teu sorriso me escutando como se fosse o maior acontecimento. Sinto aquele beijo estalado e ouço teu tão sincero: "Vai com Deus". Eu vou, vó. E depois, mesmo sabendo que agora você irá comigo seja onde for, eu voltarei para te contar.
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