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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Numa manhã encantada na Floresta Encantada


Algo encantador aconteceu, pelo menos para aqueles que gostam e acreditam em coisas encantadas.

- Você é uma escritora lenta! – disse ironicamente sapinha Marrom.

- Como você quer que eu escreva se não tenho inspiração? – respondeu tristemente sapa Verde.

Jogando o corpo para trás, num gesto de domínio da situação, exclamou sapinha Marrom:

- Ah...Verde! Escrever é mais do que inspiração, é preciso praticar muito, dominar as regras da escrita, escrever, reescrever, pedir a opinião de um leitor...

- Bem sei, Marrom. Mas também sei que se não houver algo dentro de nós que nos mova os desejos, nada escreveremos.

- Então você precisa despertá-los.

Ao ouvir tais palavras, Verde levantou os olhos e se deparou com aquele olhar investigador, revelador de um esquema mental digital, porque analógico é coisa do passado, era aquele olhar que há tempos já conhecia. Então pensou: “Fodeu”.

- Vamos Verde, daremos um passeio pela floresta e se depois disto você não se sentir inspirada, escreverá sobre tua falta de inspiração.

Sem dar tempo de decisão à Verde, a sapinha, atrevida, puxou-a pela mão.

Saltitaram entre folhas, gramados, poças d’água, teias de aranhas, ervas medicinais, árvores frutíferas, tijolos velhos e madeiras. Pararam diante de cada elemento que Marrom usava como fonte de inspiração para a escritora:
- Então, o que vê? Sente-se inspirada? Você escreveria sobre isto?

- Sobre o quê?

- Sobre um pedaço de madeira.

- Talvez, mas o que eu diria?

- Não sei, você é a escritora aqui.

- Acho que não.

- Está bem, então vamos saltar um pouco mais.

E sapinha Marrom segurando a mão de Verde a levava para outro ponto de observação. Assim passaram toda a manhã sem que Verde tivesse alguma inspiração significativa o suficiente para escrever, fosse uma poesia, um conto, uma narrativa ou qualquer outra forma de literatura.

Já cansadas de tanto saltitar e com muita fome, decidiram sentar-se para comer. Como era seu costume quando saia, sapa Verde levara um lanche de moscas em conserva, pois não sabia se encontrariam lugar para comer. Não menos prevenida, sapinha Marrom levara seu lanchinho de patê de moscas e sua bebida preferida: suco de insetos fermentados.

Escolheram o lugar com mais limbo, debaixo de uma costela de Adão. Organizaram uma espécie de mesa de piquenique e começaram a comer. A conversa fluía naturalmente, se recordavam dos lugares por onde haviam passado e riam com as reações uma da outra. Nem perceberam o tempo passar. Quando o alimento já havia desaparecido de diante de seus olhos e juntavam as coisas para voltar, sapa Verde sentiu uma imensa ternura por sapinha Marrom e olhou dentro de seus olhos. Sapinha Marrom que guardava seus pertences sorriu, desviou o olhar e disse:

- Por que você me olha assim? Teus olhos brilham tanto que ofuscam os meus.

E então sapa Verde sentiu-se inspirada a escrever sobre o brilho dos olhares daqueles que se querem bem. Depois de várias correções, publicou em seu sapoblog e muitos outros sapos e sapas puderam compartilhar esta experiência.




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