Quem sou eu

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terça-feira, 24 de abril de 2012

Sou água

        Há quem me considere fogo, pela força que demonstro, mas sou água. Assim como a água se molda ao seu recipiente, moldo-me à vida e às situações que ela me traz. Não como um processo de acomodação passivo e submisso, mas como uma estratégia de possibilidades. Não é o recipiente que controla a água, é a água que preenche e dá sentido ao recipiente. A água sempre será água e fonte de vida, enquanto que o recipiente será apenas um adorno ou um objeto privado de utilidade se não contiver água. Assim sou eu, água que se permite conter, armazenar e transportar pelos recipientes que a vida me apresenta.  

        Já preenchi copos de vários tamanhos e modelos. Saciei a sede de muitos sedentos que num único gole ou em vários, sorveram-me sem remorsos. Já preenchi piscinas onde muitos me usaram para sua própria diversão. Já lavei a sujeira de uns tantos e carreguei os dejetos de outros. Sempre me moldando, adaptando-me às necessidades alheias.

       Enxergam-me mal os que me veem como fogo, porque o fogo impera, se impõe impiedosamente. Sou água e água alenta, recepciona e purifica. Mas também amedronta aqueles que não respeitam os seus limites. Assim sou eu.

       A água depois que sai da fonte e é colocada num recipiente, deixa de ser dona de seu destino e passa a trilhar caminhos que não escolheu. E o que poucos sabem é que o desejo maior da água é voltar à sua origem. Assim sou eu. Hoje, não há mais recipiente que me caiba, porque sou imensa e transbordo, pois o meu destino é voltar à minha fonte.  
       

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