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domingo, 28 de outubro de 2012

O ninho

        Ela estava à minha frente esperando para saber se eu representava alguma ameaça. Balançava a cabecinha de um lado a outro e eu feito tonta olhando sem saber aonde ela desejava ir. O pai logo chegou e pousou no galho ao lado, observando tudo ao redor. Eu, extasiada com a coincidência de ver dois pássaros com penas azuis, exatamente da cor da capa do livro que eu lia - o livro de minha amiga escritora Mariza Lima - permanecia boquiaberta por nunca ter visto pássaro assim.
        Creio que a fêmea percebera que eu em minha tontice não a faria mal, então voou até o ninho que estava praticamente a meus pés. Modo de dizer, estava na pilastra onde a corda da rede fora amarrada, meus pés estavam naquela direção. O ninho - uma verdadeira obra de arte - estava cuidadosamente arquitetado entre os galhos da unha de gato, uma trepadeira que cultivo para alegria de meus olhos e desgosto de minha vizinha.
        Fiquei imóvel, não queria assustá-la. Como sempre eu estava com a máquina fotográfica. Gosto de imortalizar algumas cenas enquanto cuido do jardim. Bati uma, duas, dezenas de fotos, mas a distância não permitia que o zoom ficasse nítido. Eu queria que outros olhos vissem aquela cena, porque há cenas que não são para os olhos, são para o coração. A dinâmica do casal para proteger e alimentar os filhotes era digna de ser aprendida pela polícia.

        Pela tarde pude ver o gato da vizinha encima do telhado olhando para a pilastra. Confesso que tive vontade de atirar-lhe uma pedra, mas depois pensei que tendo os filhotes os pais que tinham, não seria necessário que eu interviesse.

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