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terça-feira, 2 de outubro de 2012

O livro

        Ouvir dizer que as pessoas mais intelectualizadas fazem menos sexo do que as outras. Confesso que por um tempo acreditei em tal teoria, porém, isto não é verdade. As pessoas intelectualizadas fazem muito mais sexo do que as outras. A questão está no conceito de sexo. Se sexo for visto apenas como algo genitalizado, então poderá ser verdadeira esta afirmação. Mas se sexo for um ato de conquista, enlace afetivo, amor e prazer...então, com certeza os intelectualizados praticam mais sexo.
        A leitura nada mais é do que uma relação de amor. Entramos numa livraria como se entrássemos numa balada. Ali encontramos livros de todos os tipos, tamanhos, assuntos e preços. Passeamos pelas estantes lançando olhares intensos, desejosos e por vezes furtivos. Uma capa nos chama a atenção, uma ilustração, um título ou até mesmo um valor. É a paquera.
        Depois tomamos coragem e nos aproximamos. Sentimos seu cheiro. Como é prazeroso o cheiro de livro novo. Odor faz parte da conquista, há perfumes especializados nisto. Com um pouco de receio o tocamos, pegamos na mão, acariciamos a capa, ainda mais de for em relevo. São as primeiras carícias.
        Se até aquele momento foi do nosso agrado, então abrimos o livro, com cuidado para não danificá-lo, pois ainda não é nosso. Atentamente lemos sua orelha. Sim a orelha, uma das nossas zonas mais eróticas. Ali o conquistador testa as reações do conquistado. No livro também. As informações básicas estão escritas ali.
        Havendo reciprocidade - o livro também nos escolhe - o levamos para casa, para a nossa intimidade. Nos aventuramos a introduzir uma conversa. Lemos a introdução e de maneira muito natural, passamos à história. Ali rimos, choramos, gememos de dor e de prazer. Literalmente na cama, porque ler na cama é mais prazeroso. Fica tarde, sabemos que no dia seguinte teremos trabalho, mas desejamos ir até o fim, até o ápice do prazer, saber como a história acaba. Nem sempre terminamos no clímax que esperávamos ou desejávamos, mas mesmo assim dizemos que valeu a pena, que foi bom.
        Quem não passa por este processo violenta e estupra a leitura. Então ela não dá prazer. É apenas uma conveniência, uma obrigação, um hábito obrigatório para uma prova ou teste, portanto, não será sexo e muito menos amor.

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