Amanhã. Quantos amanhãs ainda teremos? O suficiente para dar conta de todos os compromissos que o mundo moderno nos impõe? Quanto a mim não sei dizer. Talvez eu consiga realizar alguns, se eu tiver amanhã. Nossa prepotência às vezes é ceifada pelo suspiro final. Longe de mim pensar na morte. Mas quero pensar no hoje e ter para o amanhã pensamentos de possibilidades e não de certezas.
Possivelmente me levantarei às cinco da manhã e irei trabalhar. Possivelmente chegarei bem no trabalho e realizarei o que possivelmente for o melhor de mim. Possivelmente terei colegas de trabalho com os quais não comungo as ideias. Possivelmente terei alunos que me chatearão e eu os chatearei. Possivelmente passarei alguma contrariedade e contrariarei alguém.
Sim. Possivelmente, pois certezas são ilusões. Certezas são desejos petrificados que quando não se realizam nos deixam arrasados, infelizes e desconsolados. A possibilidade é a abertura para o diferente, para o complementar.
Cansei-me de desejar certezas e respostas que nunca vem. Cansei-me simplesmente. Quando nos abrimos às possibilidades, podemos viver mais, sentir mais. É possível que amanhã chova ou faça sol. É possível que eu encontre alguém que não vejo a muito tempo. É possível que eu faça um caminho novo para o trabalho. É possível que eu ria ou chore. É possível...
Sempre desejei ter certezas: certeza de ser amada, certeza da carreira profissional, certeza do que comprar, certeza da certeza. No entanto a vida sempre me obrigou a saltar no escuro, a crer e arriscar. Acho que é a forma que a vida tem de me dizer que minha tendência é a petrificação das ideias, por isto me obriga a mudar constantemente, me obriga a abrir-me para as possibilidades.
Que venham as possíveis realizações ou não. Se é assim que deve ser a minha vida. Amém.
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