Não consigo viver sem metáforas. Creio que esta grande sacada dos gregos é incrível, já que não conseguimos falar da realidade em si, precisamos compará-la e exemplificá-la. Viagem é, sob meu ponto de vista, a melhor metáfora para vida. Ora estamos em um lugar, ora em outro. Planejamos, nos organizamos, imaginamos como será o lugar, mas, sempre há os contratempos, as decepções e os fascínios inesperados.
Há quem tenha medo de viajar sozinho, mero engano, toda viagem é solitária, é individual, assim como a vida. Mesmo que estejamos em grupo ou com mais alguém, nossos olhos observam pontos diferentes. É engraçado ver grupos de pessoas viajando, elas andam na mesma direção, mas olham cada uma para um ponto. Às vezes vemos um braço tentando apontar algo para os outros, mas sempre tem alguém olhando em outra direção.
Assim é a vida, assim somos nós. Viajantes neste mundo igual e diferente. Cada um olhando para seus próprios pontos. E não creio que estejamos equivocados, não, apenas ampliamos. Neste percurso encontramos pessoas às quais, naquele momento seguem na mesma direção. Então nos aproximamos, nos conhecemos e caminhamos juntas por um tempo, até o próximo cruzamento, até o momento da próxima escolha. São tantos os momentos assim já vividos que às vezes encontro pessoas e nem sei exatamente em qual caminho nos enlaçamos.
O idioma, a cultura, a idade, o padrão social e a etnia são apenas caracterísiticas externas e circunstanciais, irrelevantes na essência. O que e a quem buscamos são viajantes que compartilhem a estrada por um tempo, que nos conte suas experiências nos lugares que desejamos ir.
Não há solidão nesta vida-viagem se conseguimos compreender que todos somos viajantes e que tudo o mais é circunstancial.
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