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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Inferno Astral

        Eu sinceramente pensava que os anjos de guarda estivessem isentos dos sentimentos humanos, mas descobri que não. 
        Estava eu passeando pelos caminhos tortuosos da vida quando reencontrei meu anjo:
        - Por onde você andava - me perguntou com uma das sobrancelhas em pé.
        - Eu estava por ai - respondi sem muitos detalhes.
        - E onde a senhorita pensa que vai agora?
        Vi seus enormes olhos questionarem os meus, num mudo imperativo, e sem saber direito o que dizer, balbuciei:
        - Vou dar uma volta e depois comer alguma coisa.
        - Então vamos e não demore - disse-me contundentemente.
        Não hesitei em obedecer, anjos de guarda devem ser respeitados e obedecidos. Chegamos ao lugar que eu elegera para minha refeição principal, fiz meu pedido e sentei-me. Enquanto esperávamos, meu anjo levantou-se e novamente com aqueles olhos, ordenou:
        - Você nem ouse sair daí.
        Ali permaneci até que voltou e me serviram a comida. Numa destas poucas frases, o anjo me revelou que em uma semana completaria 17000 anos e pouco lhe agradava a ideia de crescer, porque os anjos também crescem e quando crescem recebem outras missões. Naquele momento desejei ser eu, esta simples mortal, o seu anjo para consolá-lo. E foi então que compreendi que anjos também sofrem de inferno astral mesmo vivendo no paraíso.
  

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