Eu sinceramente pensava que os anjos de guarda estivessem isentos dos sentimentos humanos, mas descobri que não.
Estava eu passeando pelos caminhos tortuosos da vida quando reencontrei meu anjo:
- Por onde você andava - me perguntou com uma das sobrancelhas em pé.
- Eu estava por ai - respondi sem muitos detalhes.
- E onde a senhorita pensa que vai agora?
Vi seus enormes olhos questionarem os meus, num mudo imperativo, e sem saber direito o que dizer, balbuciei:
- Vou dar uma volta e depois comer alguma coisa.
- Então vamos e não demore - disse-me contundentemente.
Não hesitei em obedecer, anjos de guarda devem ser respeitados e obedecidos. Chegamos ao lugar que eu elegera para minha refeição principal, fiz meu pedido e sentei-me. Enquanto esperávamos, meu anjo levantou-se e novamente com aqueles olhos, ordenou:
- Você nem ouse sair daí.
Ali permaneci até que voltou e me serviram a comida. Numa destas poucas frases, o anjo me revelou que em uma semana completaria 17000 anos e pouco lhe agradava a ideia de crescer, porque os anjos também crescem e quando crescem recebem outras missões. Naquele momento desejei ser eu, esta simples mortal, o seu anjo para consolá-lo. E foi então que compreendi que anjos também sofrem de inferno astral mesmo vivendo no paraíso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quer compartilhar tua opinião?