Eu não queria participar da reunião familiar. Liguei para minha irmã e ela se comprometeu estar presente e me representar. Eu não queria entrar na casa de minha avó sem que ela estivesse lá. Entrei no carro e fui direto ao shopping.
"Professor paga meia-entrada?" - perguntei. "Paga sim, mas o filme é legendado". Ocorreu-me responder: "Pois é, eu sei ler", mas preferi guardar na caixa das respostas não dadas. Comprei o ingresso e como ainda faltavam trinta minutos fui tomar um café e comer cookies de chocolate, dois ingredientes proibidos em minha dieta atual, tudo por causa da gastrite.
Andei um pouco pelos corredores, como uma espécie de remissão por haver violado as prescrições médicas. Voltei e pedi o pacote mega de pipoca com manteiga. Entrei na sala que cheirava a mofo e, como não havia mais ninguém, pude escolher o que me pareceu ser o melhor lugar para ver e ler ao mesmo tempo. Quando ainda passavam propagandas um rapaz entrou e se sentou duas fileiras atrás de mim, e ali permanecemos por três horas. Exibiram um filme de três horas para duas pessoas.
O filme contou a história de seis personagens que se encontram e reecontram no passado, presente e futuro, desejando nos convencer de que tudo está interligado, de que as pessoas estão interligadas eternamente pelos laços do amor. E mesmo sem conseguir interligar todas as partes, pude compreender o motivo de me indicarem tal história. Confesso que me emocionei em algumas partes, desejando que de alguma forma assim fosse. Porque se assim é, então sou afortunada por reencontrar, entre sete bilhões de pessoas habitantes deste planeta, alguém cujo elo mantemos desde outra vida.
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