Preciso ser justa com o mês de janeiro e agradecer sua passagem em minha vida, ainda mais a última semana, com acontecimentos importantes e esperados há um bom tempo. Creio que as situações que se organizam em janeiro, definem nossa vida nos outros onze meses e podemos ou não arrastar histórias ou reorganizá-las.
Há tempos esperávamos por esta conversa e trabalhamos nossos ânimos pouco a pouco. Refletimos sobre cada detalhe. Pensamos nas possibilidades de sim e de não, de encontro e desencontro, de aceitação ou negação. Nada mais aflitivo do que tentar imaginar a reação do outro para conosco.
Esta conversa precisava acontecer - e ainda em janeiro - para que o ano fosse realmente novo e as mazelas do ano anterior pudessem repousar um paz. Ansiedade, medo, angústia, dor de estômago, pensamentos acelerados, coração arritmico, tudo isso se passou em nós. Mãos trêmulas e suadas, nó na garganta, respiração ofegante. E o grande momento, onde diante de nós está o outro, ali, esperando passivamente pela avalanche de palavras que a princípio não saem, não descem a montanha, mas que aos poucos, uma a uma, começam a brotar e nossos olhos se dilatam buscando analisar cada expressão facial, cada gesto corporal do outro, esperando que nos dê uma pista de como as palavras chegam aos seus ouvidos e, principalmente, como são processadas em seu coração e discernidas por sua mente.
Sabemos que nossas palavras se misturam aos pensamentos já consolidados do outro, por isto, nos demoramos em elaborar as ideias, com o cuidado de quem pisa sobre ovos. Sabemos que nossas palavras podem ferir e magoar e criar lacunas e espaços vazios entre nós e o outro. Sabemos também que o outro processa nossas informações sobre seu ponto de vista.
Contudo, o mais maravilhoso de todo este processo - o qual necessitávamos passar - é que depois que começamos não queremos mais parar, pois a sensação de alívio é tão grande que todas as outras ficam para trás. Então percebemos que o outro também de sente bem, pois o alívio é recíproco, já que nem todos sabem exatamente por onde ou como iniciar uma conversa, menos ainda, conduzi-la. Resta-nos esta tarefa, já que a vida nos brindou esta capacidade.
Bendita seja a palavra que liberta nossos corações sem ferir o outro, que assume a função de luz ao esclarecer fatos, retirar dúvidas e, bendita a palavra que brota da fonte de nossa essência para ajudar o outro a nos conhecer, mas, acima de tudo a se conhecer.
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