Ao ver uma nova borboleta voando por meu jardim, fico feliz e me pergunto o que lhe trouxera à terras tão remotas. Pode ser que a falta de natureza na cidade as atraia a este recanto, ou seja o colorido das flores, ou o cheiro do mato, não sei ao certo. Mas acho que de certa forma elas se parecem com as pessoas.
Algumas pessoas buscam novos jardins, novas flores, novos cheiros, novas paisagens simplesmente porque necessitam de algo novo, porque já se cansaram de suas buscas nos mesmos jardins. O que elas não percebem é que no fundo buscam sempre as mesmas coisas e que mudar o jardim nem sempre é a melhor opção.
Uma nova borboleta resolveu visitar meu jardim, buscando aqui o que já buscou em outros, mas sua presença não é sutil, nem doce, nem gratuita. Ela se impõe sobre minhas flores maltratando-as com sua presença impositiva. É insegura e quando penso que poderei apreciá-la, ela voa deixando para trás seu pó sufocante e ameaçando não mais voltar. Então eu ignoro porque sei que no dia seguinte ela estará ali desejando interiormente que eu não a expulse.
Mesmo sendo ela uma jovem borboleta, capaz de enfeitar meu jardim, terei que cercear seu voo, pois há nela uma terrível capacidade de confundir, de manipular e de controlar. Se eu não conhecesse a verdadeira leveza da borboleta que alegra meu coração me recordando de sua imagem pousada nos galhos de meu hibisco, eu me confundiria e me deixaria manipular por sua impulsividade.
Trabalhei muito para que meu jardim ficasse pronto e as atraisse, mas hoje, não quero que todas pensem que podem vir, há flores em outros lugares. Eu espero e sonho que voltem quando desejarem aquelas que aqui se sentiram felizes para que eu possa revê-las e, se houver novas, que venham com docilidade, sutileza e coração puro.
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