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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Silenciosamente

        De repente quem você nunca imaginou, nem sequer esperava se aproxima e diz: "Hoje é teu aniversário, não é?" e te dá um abraço cheio de sinceridade. Com certeza isto já aconteceu com noventa por cento das pessoas. O que não deixa de ser interessante pensar e tentar compreender o que tal atitude representa.
 
       Comemorar, ou marcar, ou lembrar o dia em que nascemos faz parte de nossa cultura. Eu, sinceramente, sempre pensei que o correto seria comemorar o dia de nossa concepção, mas aí já seria pedir demais aos nossos genitores. Saber o momento exato de nosso big bang, do encontro entre o óvulo e o espermatozóide, do momento da fusão, do clímax. Daquele que independe da ação humana, onde tudo acontece sem que ninguém possa intervir. Do momento em que o ele e ela deixaram de existir para que surgisse o eu.
 
        O dia de nosso nascimento pouco significa em nossa existência, já que está marcado por diversos fatores externos e vontades alheias. A escolha do hospital, a muita ou pouca experiência dos profissionais, o medo de nossa genitora, a insegurança de nosso genitor. Tudo está absurdamente dependente e nascer se torna um milagre maior do que a concepção. Tudo concorre para nossa morte. Não respeitar o tempo de nosso nascimento, não utilizar os intrumentos corretos etc. Já levei muitos tombos e nunca quebrei nenhum osso, enquanto que em meu parto deslocaram minha clavícula.
 
        Relembrar todos os anos nosso nascimento, em nossa cultura, pode ser algo aterrorizante, já que muitas expectativas são elaboradas. A situação perfeita é desejada envolvendo pessoas que julgamos importantes, necessárias e imprescindíveis em nossas vidas e que nem sempre podem estar conosco. Quando de repente, quem menos esperamos surge com o coração aberto e nos deseja coisas boas. O coração se enche de alegria, porque de alguma forma é como uma pequena amostra do momento de nossa concepção, por estar fora de nosso controle, acontece por uma força externa. E nos sentimos mais amados e passamos a olhar para outros lados e perceber que há outros que de forma tímida nos olham e nos acompanham silenciosamente.
 
 

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