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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Amores

        A metáfora da borboleta me encanta, toda a questão do casulo, da transformação e tudo o mais. Em algumas fases da vida estamos no casulo e outras somos borboletas. O interessante é que este processo é contínuo e repetitivo, pelo menos para algumas pessoas. Sob este ponto de vista amar faz toda a diferença.

        O que quero dizer é que os relacionamentos seriam impossíveis de não fosse o amor, porque cada um está numa fase. Um dia a pessoa que amo está casulo, outro ela já se transformou em borboleta. Em outro dia eu estou no casulo e de repente viro borboleta. Só o amor pode dar sentido a estes desencontros.

        Sou incapaz de explicar a que tipo de amor me refiro, porque dizem que há amor de pais, de filhos, de namorados, de amigos, de amantes e lá se vão tantos tipos de amores. O que me parece algo angustiante porque cria a sensação de que se eu não viver algum desses tipos de amores eu serei uma pessoa incompleta ou infeliz.

        Esta catalogação nos coloca em situações esquizofrênicas, acho que é por isso que hoje há tanta gente largando mão de definir até sua sexualidade, vai saber. As pessoas querem simplesmente ser amadas e amar. Eu conheço pessoas que amam seu animal de estimação mais do que amam seu marido. Eu conheço pessoas que amam mais seus amigos do que seus pais. 

        A sensação que tenho é a de que amamos a quem nos enxerga como somos, sejamos casulos ou borboletas. Tenho a sensação de que desejamos ser vistos, reconhecidos, descobertos e aceitos. E quando isso acontece nos sentimos amados. Há pais que olham seus filhos e não os veem. Há maridos que olham suas esposas e não as enxergam e vice-versa. 

       Há momentos em que o enxergar fica turvo, não exatamente porque o outro não nos vê, mas porque nós não nos vemos, não nos reconhecemos, não sabemos em qual estágio estamos, não conseguimos nos mostrar. Ser borboleta ou casulo não significa estar na melhor ou pior fase, apenas significa estar numa fase diferente. Há vantagens e desvantagens nas duas. Estes momentos são complexos porque o outro não tem como nos amar, pois não consegue nos ver, não sabe a quem amar. 

        E acontece do outro não nos enxergar e não enxergarmos o outro porque estamos tão próximos que nos acostumamos com o que vemos, amamos tanto o outro que nos acostumamos com sua beleza e fixamos na memória esta imagem, projetada cada vez que a vemos, quase como uma máscara. E de repente, assim como as pessoas com hipermetropia, precisamos distanciar o olhar para ver melhor. 

     Muitos relacionamentos, sejam eles quais forem, terminam por isso. O que não se vê deseja e necessita ardentemente ser amado, mas o outro não sabe a quem amar. Ou então, quando afastam o olhar para ver melhor, tantas são as mudanças, as rugas e as marcas que o outro fica irreconhecível. É nesta hora que entra o que chamo de amor-paciência, amor-esperança, amor-observador, amor-fraterno. Se há tipos de amor, eu prefiro catalogá-los assim. 

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