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segunda-feira, 29 de abril de 2013

O pássaro

        Quando criança meu avô tinha pássaros em gaiolas. Eu sonhava em soltá-los, achava um absurdo prender um ser naturalmente livre. Uma vez ele esqueceu a gaiola aberta e o sabiá não fugiu o que não entendi. "Ele não foi embora porque pássaro que nasce em gaiola não sabe viver na natureza, ele morre". Isto me pareceu mais cruel ainda. 

        Eu sou um pássaro numa gaiola, acho que é por isso que fico extasiada quando encontro um ninho em meu jardim. Um pássaro na natureza é fascinante, ele faz seu ninho onde se sente seguro e depois voa para onde quiser. Nós só desfrutamos de sua presença aquele tempo.

        Um pássaro numa gaiola é objeto de admiração, mas não de amor. Na gaiola o pássaro pode cantar e encantar aqueles que o ouvem, mas não lhes preenche o coração. A gaiola sempre será seu limite de existência. Ele não se tornará ágil pois não terá que defender-se de predadores. Não será fértil, pois não polinizará os campos. 

        Eu sou definitivamente um pássaro numa gaiola, meu canto às vezes encanta porque sei usar uma ou duas frases de efeito, nada mais. Sei falar sobre o céu sem nunca ter voado, sei falar das estrelas sem nunca ter dormido ao relento.

        Ouço as pessoas me dizerem: "Se arrisque mais, voe, se lance", e eu não sei o que isso significa. Sei apenas que mudaram a minha gaiola de lugar porque chega uma hora em que a família quer viajar e o pássaro na gaiola se transforma num estorvo. 

        

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