Quero agradecer-lhes por lerem minhas postagens. Escrever sempre foi algo que me fez bem, me ajudou a administrar meus pensamentos, os quais, como vocês já perceberam, oscilam muito. Para cada certeza tenho dez dúvidas. Não sei se é assim com vocês também. Pode ser que eu os conheça e pode ser que não, mas ao ver a mudança de números no visualizador, me pergunto por onde andarão minhas palavras. Quais serão as sensações que elas provocam em quem às leem. Tenho gostado mais desta experiência do que da publicação impressa, já que por aqui podemos interagir. Fiquei durante muitos anos sem escrever, após alguns "nãos" recebidos de editoras desisti e passei a duvidar de minha capacidade.
Houve uma época em que sonhei em ser escritora e viver de escrever livros. Ao longo da vida fui me imaginando em situações e ambientes que me inspirassem a escrever. Pensei numa casa na praia, férias e fins de semana sob a sombra de uma árvore. Tive a casa, a sombra e faltou a inspiração. Pensei numa mesa redonda no jardim, uma caneca de café ou suco ao lado, pássaros cantando ao fundo, cachorros dormindo aos meus pés e uma super história. Cultivei o jardim, comprei a mesa, ganhei a caneca, adotei os cachorros, os pássaros fizeram seus ninhos e a história não veio.
De repente voltei a escrever. Publicar passou a ser totalmente secundário, o principal era cuidar dos sentimentos de uma menina que passara a também cuidar dos meus, dando-me a possibilidade de conhecer novos aspectos de mim mesma, inclusive o de cuidar de alguém que não me fosse co-sanguíneo. A história que eu tanto desejava começou a acontecer sem que eu percebesse, não como uma ideia, mas como realidade com cheiro, sabor, alegria e dor. Um dia, creio que desejando me conhecer melhor, se aproximou e me pediu para ler um texto seu e passamos a escrever o enredo de nossa história dia-a-dia, rascunhamos nossos lampejos, amassamos os rascunhos, passamos a caneta. Trocamos experiências, aprendemos a nos comunicar com o olhar e um vínculo profundo foi sendo descoberto. Não digo que fora criado, foi mesmo descoberto, porque esse tipo de vínculo pré-existia em algum lugar. Podemos saber disso quando o que nos une à pessoa são sentimentos profundos, as conversas são sempre intensas, quase não há lazer, é um constante trabalho de cuidado recíproco.
Construimos um universo paralelo, passamos pelo portal e inventamos códigos de comunicação. Eu revezava entre ser adulta e menina e ela entre ser menina e adulta. Fomos crescendo juntas e a história incorporando. Descobrimos que éramos heroínas, sobreviventes de histórias semelhantes e que lutávamos contra nosso pior inimigo: a perda. Nossos capítulos foram permeados ora pelo lançar-se, ora pelo recuar; ora pela certeza, ora pela insegurança; ora por palavras duras, ora por uma profunda ternura; ora pela calmaria, ora pela turbulência. Capítulos cheios de aventuras, de sorrisos largos e de lágrimas soltas; cheios de desejo de tentar de novo, de vencer o medo de se machucar novamente, de perder, mas também, cheios de conquistas que só nós conseguíamos enxergar. Aprendi a dar um abraço de sete segundos.
Eu, como uma voraz leitora sempre desejosa das cenas dos próximos capítulos, querendo chegar logo à última página, queria saber se a história acabaria bem, acostumada a que as histórias tenham um ponto final, pois para mim elas sempre tiveram, mesmo contra a minha vontade.
Eu, como uma voraz leitora sempre desejosa das cenas dos próximos capítulos, querendo chegar logo à última página, queria saber se a história acabaria bem, acostumada a que as histórias tenham um ponto final, pois para mim elas sempre tiveram, mesmo contra a minha vontade.
Demorei muito para compreender, e ainda me encontro neste processo, de que as histórias não precisam acabar no ponto final, que existem trilogias onde os cenários são outros, novos personagens aparecem, mas a base, os protagonistas se reencontram e novamente se veem em novas batalhas lutando lado a lado. Eu sou muito grata a vocês que acompanham um dos frutos desta história - o meu retorno às letras - e que de alguma maneira encontram sentido para si, para seu momento de vida nestas palavras, mesmo com histórias diferentes.
Que comece a trilogia, a quadrilogia etc, porque além do meu profundo desejo de conhecer novos cenários desta história.
Que fechem as cortinas...
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