Não paro de olhar as minhas mãos. Há um excesso de linhas e de formas que eu não havia reparado. O que significam ou significaram? Se eu não tivesse visto mãos tão limpas, com apenas três fortes linhas eu não teria observado as minhas. Não sei se eu as tinha aos 18 anos, pena nunca haver reparado.
Elas mais parecem um emaranhado de encontros e desencontros, proximidades e distanciamentos, profundidades e superfícies. Acho que agora vou querer olhar as mãos das pessoas e tentar descobrir se as minhas abundantes linhas são reflexo das minhas abundantes escolhas, confusões e questionamentos ou nada além de marcas dermatológicas.
Tenho a impressão de que minhas linhas gritam minha falta de foco, falta de escolher um caminho e seguir por ele, tendo como referência eu mesma. Um "eu" real, autêntico, baseado em algumas clarezas que ainda estou buscando.
Tantas linhas e não consigo ver além da mesma questão, o mesmo enigma me toma a todo instante. É como se desvendá-lo eu descobrisse a chave para a porta que me levará a mim mesma. Não adianta tentar me explicar, eu tenho que encontrar a conexão das linhas por mim mesma.
Tem horas que dá um desespero danado, porque as horas e os dias passam e a resposta não vem. São fragmentos, como as linhas de minha mão. São lampejos, intuições, relações. Será que seja porque eu ainda não tive a coragem de despoetizar? De assumir descaradamente meus sentimentos mais primitivos? Como ciúmes, raiva, mágoa e inveja?
Ser racional me preserva de alguma forma, mas aqui não se trata de razão, são sentimentos, são forças profundas, reprimidas. À quem eu tenho que gritar: "Não se vá?", "À quem eu tenho que implorar para ficar mais um pouco?", "À quem tenho que vociferar para que suma?", "Com quem devo dividir minhas dúvidas?" Estou tentando, todos os dias eu tento, todos os dias desejo acordar com novos pensamentos, mas os velhos insistem. São novas linhas se formando ou as antigas se aprofundando?
Temo por quem busca em mim alguma indicação de caminho, alguma resposta, alguma referência. Sou tão confusa como minhas linhas da mão que mais parecem linhas de metrô. Não acredite em mim, elabore suas próprias verdades, porque dentro de pouco tempo mudarei minha opinião, a todo momento me vêm aspectos novos para a mesma questão. Sou geminiana, sou dua. Posso estar dizendo que tudo bem, não sinto tua falta enquanto dentro de mim grita: "Fica comigo", posso estar dizendo que aceito enquanto dentro de mim grita: "Não quero que seja assim". Posso ter uma aparência equilibrada e sensata e dentro de mim eu desejar fazer algo inconsequente.
Queria encontrar uma cigana e pedir-lhe para que leia a minha mão, seria ela capaz de desvendar tantas linhas? Tantas dúvidas e incertezas, tanta dualidade? Não sei, mas se eu pudesse, voltaria no tempo e passaria a observar mais a minha mão e tentaria descobrir se cada linha está relacionada a cada decisão que tomei ou às que não tomei.
Muitas são as coisas que podem estar escritas na palma de minha mão, meu presente, meu passado, meu futuro, meu erros, meus acertos, minhas confusões, não sei. Pode ser também que tudo não passe de meros devaneios. Mas o que sei, é que minhas mãos podem acolher, podem acariciar, podem sentir o calor de outras mãos, podem tocar com afeto o rosto daqueles de amo, podem trabalhar e podem segurar outras mãos enquanto às levo de volta para casa. E este momento mágico, do soltar das mãos, pode ser também o mais dolorido.
Temo por quem busca em mim alguma indicação de caminho, alguma resposta, alguma referência. Sou tão confusa como minhas linhas da mão que mais parecem linhas de metrô. Não acredite em mim, elabore suas próprias verdades, porque dentro de pouco tempo mudarei minha opinião, a todo momento me vêm aspectos novos para a mesma questão. Sou geminiana, sou dua. Posso estar dizendo que tudo bem, não sinto tua falta enquanto dentro de mim grita: "Fica comigo", posso estar dizendo que aceito enquanto dentro de mim grita: "Não quero que seja assim". Posso ter uma aparência equilibrada e sensata e dentro de mim eu desejar fazer algo inconsequente.
Queria encontrar uma cigana e pedir-lhe para que leia a minha mão, seria ela capaz de desvendar tantas linhas? Tantas dúvidas e incertezas, tanta dualidade? Não sei, mas se eu pudesse, voltaria no tempo e passaria a observar mais a minha mão e tentaria descobrir se cada linha está relacionada a cada decisão que tomei ou às que não tomei.
Muitas são as coisas que podem estar escritas na palma de minha mão, meu presente, meu passado, meu futuro, meu erros, meus acertos, minhas confusões, não sei. Pode ser também que tudo não passe de meros devaneios. Mas o que sei, é que minhas mãos podem acolher, podem acariciar, podem sentir o calor de outras mãos, podem tocar com afeto o rosto daqueles de amo, podem trabalhar e podem segurar outras mãos enquanto às levo de volta para casa. E este momento mágico, do soltar das mãos, pode ser também o mais dolorido.
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