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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Margarida

        Tenho pensado muito em Margarida e em sua dor. Tenho pensado em como poderia aliviar seu sofrimento, em como encontrar uma fórmula mágica, uma solução definitiva ou um consolo mais eficaz. E encontro apenas minhas próprias dores, minhas feridas e angústias, e os caminhos que percorri para curá-las, as águas sagradas onde mergulhei para limpá-las e os travesseiros que molhei.

        Margarida e eu nos conhecemos a quase sete anos e só agora ela me pediu o direito de compartilhar um momento singular de sua vida. O que me deixa bastante lisonjeada, já que ela pôde me avaliar todos estes anos e me considerar idônea para guardar seu segredo. Quando alguém nos escolhe para nos contar algo de sua vida, nos faz co-participantes, quase co-autores, já que espera de nós algum tipo de manifestação, algum tipo de interferência que lhe seja útil e ao mesmo tempo respeitosa. 

        Este movimento pode nos causar uma certa vaidade, um orgulho pouco produtivo e podemos cometer o deslize de querer dizer ao outro o que deve fazer, mas isto não é saudável para uma amizade. Ninguém quer ouvir o que deve fazer, pois todos queremos desfrutar do direito de decidir nossos caminhos. Acredito que seja exatamente isso que Margarida busca, o direito de decidir o que fazer de sua vida, que já não é mais somente sua, que inclui um outro.

        Em uma de nossas conversas informais com os amigos, ouvi Margarida afirmar que gosta muito de rotina e que a rotina a faz se sentir segura. Eu, criada na incerteza das mudanças, achei esta afirmação um pouco triste. Não que a rotina seja de todo mal, mas penso que ela aos poucos seca algo muito importante em nós, a emoção da primeira vez. Deixa-nos seguros sim, mas torna tudo previsível e, aos poucos, sem graça. A rotina por vezes nos cria falsas certezas.

        Longe de mim pensar que eu saiba o que acontece em seu interior, porém, pela peculiaridade de seu momento, posso pensar que ela deseje revitalizar suas emoções, deseje encantar e encantar-se novamente. Deseja sentir as emoções primeiras, aquelas que começamos a sentir juntamente com as primeiras crises da adolescência. É uma espécie de retorno à juventude, mesmo sendo ela ainda uma jovem mulher. Perguntei-me várias vezes porque ela escolhera a mim para compartilhar algo tão importante de sua vida e cheguei à conclusão de que mesmo que eu nunca lhe dissera ela sabe que posso compreendê-la, mesmo que seja intuitivamente ela sabe que de formas diferentes eu busco a mesma coisa. 

        Não posso lhe oferecer uma solução, não posso retirar suas dores e angústias, não conheço as respostas corretas, mas posso oferecer-lhe meu ouvido atento, meu coração aberto e sem julgamentos ou juízos de valores, e também posso lhe oferecer meu ombro caso se machuque. Seja feliz Margarida e sorria deste momento, porque ele poderá ser o teu reencontro consigo mesma.







Um comentário:

  1. Olá, querida.
    A Margarida oscila entre a alegria e a tristeza...Neste momento, dia 8/7, 23:12h, está despedaçada. Torcendo para que amanhã seja um dia mais feliz.

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