1° mandamento: Manterás a relação com a transcendência.
2° mandamento: Conservarás tua receptividade aos valores.
3° mandamento: Periodicamente recolher-te-ás para dialogar com a tua consciência.
4° mandamento: Perdoarás aos teus pais os erros que cometeram contra ti.
5° mandamento: Afirmarás incondicionalmente o sentido da vida.
6° mandamento: Consentirás que a tua satisfação seja o efeito secundário de um ato de amor.
7° mandamento: Só tomarás para ti e assumirás o que te for destinado.
8° mandamento: Não multiplicarás o sofrimento entre as pessoas no mundo.
9° mandamento: Respeitarás e preservarás a unidade da família.
10° mandamento: Não aspirarás a ter, mas a ser.
('00')
Enquanto eu copiava este decálogo, absolutamente transcendental, uma nova borboleta tentava pousar em meu jardim. Ela está ferida e quer colo, quer ser cuidada e desde alguns meses acredita que eu possa ajudá-la, por isso me cobra, exige e pede que o faça. Estamos num impasse e desde então discutimos abertamente, sem metáforas, por mais que eu tente usá-las. Ela é direta e pouco poética, manipuladora e chantagista, escorpianina, não que eu acredite em horóscopos. Quer ser a minha filha, quer me chamar de mãe, quer fazer parte da minha vida.
Que excelente oportunidade, alguém me diria, já que eu não tenho filhos. Muito cômodo da minha parte permitir que a filha de alguém entregue gratuitamente seu coraçãozinho de 15 anos a mim e me faça sua heroína. Situação altamente tentadora e profundamente diabólica para quem não tiver a clareza do décimo mandamento.
"Ter" filhos não me garante "ser" mãe, mas eu posso "ser" mãe sem "ter" filhos, pois a maternidade está em mim, hoje eu sei e não a nego, nem tenho medo de assumi-la. Meu Anjo conduziu-me pela mão a este saber, me ajudou a enxergar e manifestar minha maternidade, mesmo que não seja a maternidade biológica. Agora sinto-me preparada para administrar situações como estas, que pelo visto se repetirão em minha vida pelo universo adolescente em que me encontro diariamente.
Acredito que estas situações são frutos do meu trabalho interior, da minha vontade de mudar, porque desde que comecei a trabalhar em meu jardim eu desejei que as borboletas aparecessem, e elas estão aparecendo. Desde que a grande borboleta azul pousou em meu jardim, ela criou um campo energético que atrai as outras amarelas, brancas, rosas e coloridas, que aos poucos se acomodam nas minhas flores. Agora eu preciso aprender a deixá-las à vontade, ensiná-las a desfrutar das flores por si mesmas, ensiná-las a voar pelo jardim sem medo. Minha presença precisa ser doce para que aos poucos elas se aproximem. Uma presença sem sentimentos de posse, apenas presença de paz e de confiança. Porque, mesmo que elas ainda não saibam ou não aceitem, elas apenas desejam um jardim que às acolha por um tempo para que sintam faltam do lar e voltem mais maduras, mais gratas e mais serenas. E eu, não mereço a dor da ilusão de que elas venham para ficar, pois de alguma forma minha essência está no "ser" e não no "ter".
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