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quarta-feira, 5 de junho de 2013

A pausa

        "Oi filha, você não dá nenhum telefonema para a mãe. Será que não gosta nem um pouquinho de  mim? Eu te amo, viu? Beijos"
 
        Eu havia acabado de passar por um ritual dificílimo de "pausa" quando acessei meu facebook e encontrei esta mensagem. Interessante como a vida muitas vezes se parece com o assistir de um filme, é comum dizermos em situações de perigo que a vida nos passou pela cabeça como um filme. Quando nos dispomos a assitir um filme temos que apertar o "play", decidir por seu começo, escolher o idioma e nos colocarmos dispostos e abertos para a história que virá. É bem provável que tenhamos lido alguma crítica a respeito ou a sinopse e até visto o "trailer", mas nada disso nos impede de assisti-lo, desejamos fazer a nossa própria experiência, chegar às nossas próprias conclusões e tecer nossas próprias críticas.
 
       Fico pensando que o botão mais importante do controle remoto nestas horas é o "pause". Porque ele nos permite continuar a mesma história à partir do ponto onde paramos. E por que paramos? Por que a pausa se faz necessária? Muitos podem ser os fatores. Pode ser que a história esteja além da nossa compreensão naquele momento. Pode ser que na história haja muita ação e naquele momento desejemos o contrário e vice-versa. Pode ser também que tenhamos fome ou sede. Pode ser que algo esteja nos incomodando, a almofada do sofá, a luz acessa, o frio. E pode ser que tenhamos necessidade de ir ao banheiro, que o telefone toque e que alguém chame no portão.
 
        Nada disso nos impede de continuar se apertamos o "pause" e não o "stop". O "stop" é o ponto final. Não que assistir o filme deixará de ser possível, o que ocorre é que ele terá que ser visto do começo e poderá se tornar cansativo. Ou será uma oportunidade de rever algumas cenas com maior atenção.
 
        Em outras épocas eu me sentiria muito mal ao ler a mensagem de minha mãe, me acharia uma filha sem coração, ingrata, uma pessoa má. Mas a pergunta: "você não gosta nem um pouquinho de mim?" ressoou em minha mente e a joguei no coração tentando observar como ele agiria. Ele permaneceu sereno, impassível. Depois pesquisei mais fundo e encontrei um amor respeitoso, brando, tranquilo, sem expectativas, sem esperanças, sem sonhos, sem projetos, um amor vazio, no sentido mais positivo da palavra. Isto porque eu decidira apertar o "pause", após tanto "stop". Vi várias e várias vezes as mesmas cenas, desde o começo e nada mudou. Serviu-me para que eu refletisse sobre vários aspectos, o cenário, a iluminação, a sonoplastia, mas eram sempre as mesmas cenas. Percebi que se eu não apertasse o "pause" correria o risco de nunca chegar ao final da história e ficaria sem saber como as coisas terminam.
 
        Esta perspectiva me veio com o tempo, após muitos e muitos "stop", fôra de minha parte ou da parte de outrem. Eu não tenho mais tanto tempo para "stop", eu quero "pause" se não houver como continuar, seja de minha parte ou da parte do outro. Eu quero poder voltar do ponto onde paramos, porque tenho a certeza de que isto é possível quando há amor, porque a pausa é em muitas ocasiões uma prova de amor.
 
 

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