Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo..."
(Alberto Caiero - O guardador de rebanhos)
('00')
Estranhas coincidências com este poema nesta
noite, em três situações diferentes ele me aparece, insistente, me provocando a
não pensar, em apenas ver, admirar com os sentidos e contemplar. Sentir, sentir,
não pensar, exercício exigente para uma mente teimosa, viciada nas perguntas.
"A pele é a ponte
sensível do contato com o mundo e pode ser também um abismo. É o nosso órgão
mais extenso, é o nosso código mais intenso, um lar de profundas memórias. O
corpo sente, toca, fala, comunga. Vida incorporada, corpo da Vida."
(Leloup, 2000, p.9)
Nossa pele se
complementa, se recepciona, se encaixa. Dormindo ao seu lado, abraçada, sinto
como se seu corpo fosse extensão do meu, como se eu estivesse sozinha na cama,
não no sentido de solitária, mas de completa, chego a me assustar. Seu abraço
me acolhe como a uma criança nos braços do pai, sua malícia me torna mulher,
suas brincadeiras me faz rir, seu café na cama faz-me sentir querida. O amanhã não
importa, hoje é bom, agora é bom, este momento é bom.
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