Quando eu me separei e voltei a morar na casa de minha infância, destruida pelo tempo e pelos maus tratos dos inquilinos, eu costumava assistir a filmes que me ajudavam a encontrar sentido e forças para recomeçar. Lembro-me que o filme mais significativo para mim foi Sob o sol de toscana. De alguma forma eu incorporei aquela personagem que após ver seu casamento destruido e perdido seus bens para o ex-marido, vai morar em outro país e inicía uma nova vida numa casa velha que reforma.
Seus sonhos se realizam, não exatamente no formato que ela pensou, mas se realizam. A metáfora da reforma da casa é muito forte e eu a tomei para mim. Também de alguma forma meus sonhos e projetos para esta casa se realizaram. A grande questão é que o filme não mostrou como sua vida continuou após a concretização de seus sonhos e, de alguma forma, eu também não sei como deve ser a minha, ou como eu devo me sentir.
Creio que eu esteja em busca do amanhã, da renovação e da resignificação de tudo o que conquistei. É como a história dos contos de fadas onde termina no "felizes para sempre", e eles não mostram como se vive feliz para sempre.
Esta semana estou novamente na fase dos filmes e mais do que assisti-los para buscar referências, tenho observado que eles me distraem, me obrigam a parar, a sair da rotina desenfreada de obrigações que se acumulam em meu cotidiano. Uma querida amiga chegou a me dizer que eu devo ter sido escrava em outra vida. Nem preciso crer em vidas passadas, a minha tataravó era escrava. Creio nas memórias de nosso DNA, na herança genética psíquica.
Mas hoje não quero falar de memórias genéticas ou passado. Assisti a um filme infantil, estes de desenho animado. Uma família do tempo das cavernas cuja filha não gosta de viver na escuridão e o pai sempre a ensina a ter medo e se proteger na caverna. Ela quer seguir a luz, quer sair, quer ver a claridade, quer chegar no amanhã.
Meus pais me deram um nome cujo significado tem a ver com luz e creio que minha maior luta sempre foi por sair da escuridão. Acontece que para reconhecer a luz é preciso que haja trevas e talvez este esteja sendo um tempo de passagem por alguma trilha escura, por uma caverna, por uma passagem secreta que me levará ao amanhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quer compartilhar tua opinião?