Francisco I é o novo papa, Francisco é o pai dos pobres. Quando eu poderia imaginar que viveria para ver um evento tão único, a eleição de um papa latino-americano após a renúncia de um papa alemão. Isto seiscentos anos após a última renúncia. Confesso que sua nacionalidade me desagrada um pouco, nada contra argentinos, e também nada a favor. Questões histórico-culturais-futebolísticas, as quais esperamos não se extendam ao papado. Só faltava o papa torcer para a Argentina sendo a Copa no Brasil!
Tive vontade de compartilhar algumas charges do facebook, engraçadinhas, uma com a ilustração de nosso personagem caipira o Chico Bento com a frase: "Entra o Chico, sai o Bento". Não é maldosa, apenas engraçadinha. Aliás, adoro piadas religiosas, de preferência inocentes. A prudência me impediu de compartilhar esta e outras charges, já que opção religiosa é algo que decidi não mais discutir.
Penso que se eu ainda estivesse neste meio, estaria hoje tomando uma cerveja para comemorar, ou melhor pensando, acho que estaria numa missa. Comemorar a vez da América Latina, sonhar em que a Igreja dos Pobres finalmente chegou ao poder, o que me faz lembrar da canção: "Somos gente nova vivendo a união, somos povo, semente da nova nação".
Terá sido esta escolha inspiração do Espírito Santo? Nestes detalhes prefiro nem tocar para não perder o pouco que me resta de fé e ter que acreditar que o Espírito Santo não conhecia os povos latino-americanos até dez anos atrás, por isto sempre escolheu papas europeus. Imagino-o conversando com Deus: "Senhor, preciso lhe contar uma coisa, descobri um povinho numa parte do mundo, sua grande maioria crê na gente, acredita? Vou descer e dar uma sopradinha na velharada e ver se eles se sensibilizam e dividem um pouco o poder. O que acha?" Deus, na sua infinita prudência, responde: "Acho interessante, Espírito Santo, vamos ver o que eles farão."
Se não foi o Espírito Santo então foi sacanagem e das grandes. Como a Europa está quebrada, agradar os povos por ela colonizados é interessante. Imagine as discussões dos cardeais: "Vamos escolher um latino porque assim eles que são o celeiro do mundo não nos negarão comida, nem água, nem trabalho". "Você está certo, mas é melhor escolher um argentino, porque assim os brasileiros vão querer ter mais fiéis só pra mostrar pra eles que são melhores até no número de fiéis, quem sabe o Pelé se anima e vira diácono permanente e o Maradona fecha sua igreja e trás seus fiéis pra cá".
Ironias à parte, não dá mais para levá-los a sério. Comovo-me com a fé e a determinação dos fiéis que mesmo em meio a tantas crenças ainda resistem, mesmo ainda assediados moral e sexualmente não abandonam sua igreja. Eu voltarei para ela quando as mulheres puderem ser ordenadas sacerdotisas, quando os divorciados não forem mais proibidos de comungar, quando os homossexuais forem abençoados em seu amor, quando os padres puderem escolher entre se casar e assumir o celibato. Para quem está vivendo um momento único, não custa sonhar.
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