Eu queria rever o filme Tomates verdes fritos, procurei-o na estante, preparei a pipoca, o suco e o cobertor. Alguns filmes costumam alimentar a minha alma e este é um deles. Eu sabia a história quase decor, mas queria rever as cenas, os rostos, as expressões. É a história de algumas mulheres em momentos diferentes da história que lutam pela felicidade, que enfrentam situações adversas, que choram, que riem e que descobrem suas forças e fraquezas.
No momento auge do filme, onde acontece um julgamento, o dvd parou e nada o fez voltar a passar. Aquele maldito disquinho estava terrivelmente riscado e me deixou sedenta das palavras de amor e gratidão de uma das personagens principais. Por quê? Eu e minha mania dos por quês.
O interessante desta história é que dependendo da época da vida em que você assiste, a identificação é com uma personagem diferente. Hoje me identifiquei com a de meia idade que passa por uma crise de falta de sentido em sua vida de casada. Eu não estou casada, mas as coisas estão mudando, eu sinto. Para ela os hormônios eram um fator importante, talvez seja o momento de eu começar a pensar nesta questão.
Minha vida é boa. Tenho emprego garantido, tenho casa própria, carro, cachorros e algumas pessoas que me amam, pelo menos eu acho que amam, e no entanto um sentimento estranho me acompanha desde alguns dias. Ele vem do nada e domina meu corpo e mente. Não é contínuo, mas é intenso e luto para não me deixar dominar. Tenho percebido um peso sobre os olhos, mas ao mesmo tempo minha visão se modificou, vejo mais paisagens do que antes, olho mais amplamente para o espaço do que fixamente. Algo está mudando, algo a mais do que as marcas de envelhecimento que observo em meu pescoço. É difícil aceitar que o tempo esteja iniciando o processo de decadência.
Eu preferiria que fossem os hormônios, assim eu poderia encontrar uma resposta mais eficaz e deixaria meus por quês repousarem em paz.
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