A
ideia era muito sensata, pensaram. Por alguns dias se juntaram
ininterruptamente para gestar, cuidar, chocar a Semente do Amanhã. Pinheiro a
ninava, Rosa-Flor com seus espinhos não permitia que nenhum pássaro estranho se
aproximasse, e Pardal sempre aparecia para perguntar como estava indo a Semente
do Amanhã.
Ao
entardecer, Pinheiro e Rosa-Flor, conversavam com o embrião, contavam-lhe
histórias de cenouras fortes, pomposas que alimentaram por muito tempo várias
crianças de Céu Azul. Falavam-lhe da ternura derramada pelos gestos do cultivador
todos os dias, sem nunca abandoná-las.
Sem que suas babás pudessem ver, Semente do
Amanhã se fortalecia, sentia-se amada, desejada e esperada. Queria germinar!
Finalmente
chegou o dia da plantação. Escolheram uma parte de Esperança que há muito tempo
não era cultivada.
A
velha Terra toda garbosa agradeceu:
-
Quanta honra, meus amigos. Já faz muito tempo que estou adormecida a espera de
uma semente para acolher. Até as minhocas reclamam da falta de uma plantinha. O
que vocês tem para mim?
Mostraram Semente do Amanhã e Terra
exultou de alegria, esparramou-se toda abrindo um delicado buraquinho e como se
tivesse fortes braços recebeu a semente. Toda agradecida e com brilho nos olhos
disse aos amigos:
- Meu coração escondido no solo está
exultando de alegria, pelo dom da adoção. Por mim mesma nada gero, vocês sabem,
mas a natureza me fez fecunda para acolher e adotar todas as sementes, sejam
elas de que espécie for, bonitas ou feias, grandes ou pequenas, sãs ou doentes,
puras ou produzidas. Eu sou a fertilidade.
Enquanto falava, ajeitou
carinhosamente a semente-embriã e pediu licença aos amigos para dedicar-se
exclusivamente a mais nova filha adotiva.
(Continua...)
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