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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

7. A gestação


A ideia era muito sensata, pensaram. Por alguns dias se juntaram ininterruptamente para gestar, cuidar, chocar a Semente do Amanhã. Pinheiro a ninava, Rosa-Flor com seus espinhos não permitia que nenhum pássaro estranho se aproximasse, e Pardal sempre aparecia para perguntar como estava indo a Semente do Amanhã.

Ao entardecer, Pinheiro e Rosa-Flor, conversavam com o embrião, contavam-lhe histórias de cenouras fortes, pomposas que alimentaram por muito tempo várias crianças de Céu Azul. Falavam-lhe da ternura derramada pelos gestos do cultivador todos os dias, sem nunca abandoná-las.

 Sem que suas babás pudessem ver, Semente do Amanhã se fortalecia, sentia-se amada, desejada e esperada. Queria germinar!

Finalmente chegou o dia da plantação. Escolheram uma parte de Esperança que há muito tempo não era cultivada. 

A velha Terra toda garbosa agradeceu:

- Quanta honra, meus amigos. Já faz muito tempo que estou adormecida a espera de uma semente para acolher. Até as minhocas reclamam da falta de uma plantinha. O que vocês tem para mim?

          Mostraram Semente do Amanhã e Terra exultou de alegria, esparramou-se toda abrindo um delicado buraquinho e como se tivesse fortes braços recebeu a semente. Toda agradecida e com brilho nos olhos disse aos amigos:

            - Meu coração escondido no solo está exultando de alegria, pelo dom da adoção. Por mim mesma nada gero, vocês sabem, mas a natureza me fez fecunda para acolher e adotar todas as sementes, sejam elas de que espécie for, bonitas ou feias, grandes ou pequenas, sãs ou doentes, puras ou produzidas. Eu sou a fertilidade.

            Enquanto falava, ajeitou carinhosamente a semente-embriã e pediu licença aos amigos para dedicar-se exclusivamente a mais nova filha adotiva.

(Continua...)

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