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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

9. O sustito de cenotita



- Mamãe do céu, que susto!

- Você precisa tomar mais cuidado, Cenotita-broto, senão da próxima vez o Lui vai te estraçalhar – afirmou Terra.

- Eu fiquei empolgada com a brincadeira do Vento. Ele falou pra mim: “solta o corpo que eu vou passar...”. Foi tão legal! Eu me balancei toda. O Lui tem ouvido muito bom, acho que ele me ouviu gritando de emoção.

- Você é uma moleca mesmo. É muito gostoso brincar, espero que quando você crescer e conhecer alguns sofrimentos, não se esqueça nunca  de ser moleca, de ser criança. – Ao dizer isto Terra abraçou e beijou Cenotita-broto.

            Cenotita aconchegou-se nos braços de Terra e como todo broto fez a pergunta fatal:

- Por quê?

            Terra deu um meio sorriso e acostumada aos porquês de Cenoutita, refletiu por uns instantes para responder:

- Bom,... porque quando as plantas crescem, elas se preocupam em dar frutos, produzir ou ser alimento para os outros. Elas começam a enfrentar dificuldades, estão mais expostas a pragas, a pessoas que quebram seus galhos ao colher seus frutos e outras cositas más. Se for verdura ou legume, precisa tomar cuidado com os cachorros, com os ratos do mato que passam por cima correndo. Também enfrentam a geada, a falta d’água e uma série de coisas.

- E daí?

- E daí que, acabam ficando chatas, rabugentas, reclamonas de tudo. Esquecem a beleza que é viver. Acabam amarelando, e claro, ninguém quer comer verduras ou legumes amarelados. Então elas morrem sem sequer terem cumprido sua principal missão: ser alimento, ser vida para o outro. Entendeu?

            Cenotita não entendeu muito bem, mas sem que percebesse, tais palavras ficaram gravadas em sua mente e em seu coração.  E bocejando de cansaço adormeceu nos braços quentes de Terra que a ajeitou enquanto falava baixinho a si mesma: “Esta cenourinha nem sonha com a grande missão”.

            A madrugada, o sereno do sonho, sonha menina...

(Continua...)

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