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Mamãe do céu, que susto!
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Você precisa tomar mais cuidado, Cenotita-broto, senão da próxima vez o Lui vai
te estraçalhar – afirmou Terra.
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Eu fiquei empolgada com a brincadeira do Vento. Ele falou pra mim: “solta o
corpo que eu vou passar...”. Foi tão legal! Eu me balancei toda. O Lui tem
ouvido muito bom, acho que ele me ouviu gritando de emoção.
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Você é uma moleca mesmo. É muito gostoso brincar, espero que quando você
crescer e conhecer alguns sofrimentos, não se esqueça nunca de ser moleca, de ser criança. – Ao dizer
isto Terra abraçou e beijou Cenotita-broto.
Cenotita aconchegou-se nos braços de
Terra e como todo broto fez a pergunta fatal:
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Por quê?
Terra deu um meio sorriso e
acostumada aos porquês de Cenoutita, refletiu por uns instantes para responder:
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Bom,... porque quando as plantas crescem, elas se preocupam em dar frutos,
produzir ou ser alimento para os outros. Elas começam a enfrentar dificuldades,
estão mais expostas a pragas, a pessoas que quebram seus galhos ao colher seus
frutos e outras cositas más. Se for verdura ou legume, precisa tomar cuidado
com os cachorros, com os ratos do mato que passam por cima correndo. Também
enfrentam a geada, a falta d’água e uma série de coisas.
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E daí?
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E daí que, acabam ficando chatas, rabugentas, reclamonas de tudo. Esquecem a
beleza que é viver. Acabam amarelando, e claro, ninguém quer comer verduras ou
legumes amarelados. Então elas morrem sem sequer terem cumprido sua principal
missão: ser alimento, ser vida para o outro. Entendeu?
Cenotita não entendeu muito bem, mas
sem que percebesse, tais palavras ficaram gravadas em sua mente e em seu
coração. E bocejando de cansaço adormeceu
nos braços quentes de Terra que a ajeitou enquanto falava baixinho a si mesma: “Esta
cenourinha nem sonha com a grande missão”.
A madrugada, o sereno do sonho,
sonha menina...
(Continua...)
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