- Vamos
levantar meninada! – chamava Elisabete – Está na hora de irmos ver o vovô.
Espreguiçaram-se por uns cinco
minutos. Viraram de um lado, do outro, até decidirem levantar. As flores
missionárias também tremeram suas folhinhas antes de acordar direito. Todos
despertaram com uma sensação de bem estar, provavelmente decorrência da noite
de oração.
Tomaram um café da manhã bastante
reforçado, com pão, ovos fritos, leite e queijo. Tudo fresquinho e saudável.
Depois pegaram o vaso com as plantinhas, entraram no carro e partiram em
direção ao hospital.
Chegaram
logo, mas não puderam entrar no quarto de UTI.
As crianças ficaram apreensivas e os adultos, como sempre, contornaram a
situação dizendo que Antônio estava sendo examinado pelo médico e que criança
não podia entrar para não encabular o avô. A permissão de entrada só foi
concedida a Paulo Afonso quando este se identificou como o filho que ainda não
tinha visto o pai.
Os
demais ficaram na sala de espera. Os adultos quase engolindo os dedos de tanto
roer as unhas. As crianças ansiosas olhando para o vasinho questionando sobre a
hora em que acabaria o exame.
Elisabete
deixou-os o foi conversar com o médico. Andou por um corredor comprido com
muitas pessoas aguardando a chamada. Estranhamente ninguém lhe era indiferente.
Olhava aqueles rostos sofridos, expressando dores e via em cada uma o rosto do
próprio pai. Entrou no consultório do Dr.Aloísio, cumprimentou-o e logo
perguntou sobre o estado de Antônio.
-
Elisabete, seu pai está estável. Sem alterações. As funções renais estão
funcionando bem, a pressão arterial está controlada e os pulmões também.
- Ele ainda está inconsciente? –
perguntou Elisabete.
-
Sim, ele ainda está inconsciente. Nada podemos fazer a não ser esperar que ele
volte. É um mistério. Você tem que entender que ele não está morto. Ele apenas
está preso dentro de si mesmo. Não é algo que se pode curar com remédios. O que
fazemos por ele é alimentá-lo, banhá-lo, medicá-lo, mas acordá-lo....
-
Por quanto tempo ele ficará assim?
-
Não sabemos. Mas olhe Elisabete, vocês devem estimulá-lo a voltar. Conversem
com ele. Peça-o para que volte. Fale das coisas que ele gosta.
Elisabete
lembrou-se do vaso.
-
Doutor, meus filhos e meus sobrinhos ainda não sabem do estado do avô. Eles
trouxeram um vaso com legumes da horta que ele cuidava. Meu pai era muito
apegado ao trabalho da terra. Será que eles poderiam entrar no quarto com o
vaso?
Mal
terminara de falar, doutor Aloísio balançou a cabeça negativamente e um frio
passou pela barriga de Elisabete.
-
Infelizmente as crianças não estão autorizadas a entrar no quarto de UTI. São
normas do hospital. Quanto ao vaso ... não deveria, mas vou autorizar.
Elisabete
sorriu aliviada.
(Continua...)
(Continua...)
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