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sábado, 31 de agosto de 2013

16. Acordem!


                  - Vamos levantar meninada! – chamava Elisabete – Está na hora de irmos ver o vovô.

            Espreguiçaram-se por uns cinco minutos. Viraram de um lado, do outro, até decidirem levantar. As flores missionárias também tremeram suas folhinhas antes de acordar direito. Todos despertaram com uma sensação de bem estar, provavelmente decorrência da noite de oração.

            Tomaram um café da manhã bastante reforçado, com pão, ovos fritos, leite e queijo. Tudo fresquinho e saudável. Depois pegaram o vaso com as plantinhas, entraram no carro e partiram em direção ao hospital.

Chegaram logo, mas não puderam entrar no quarto de UTI.  As crianças ficaram apreensivas e os adultos, como sempre, contornaram a situação dizendo que Antônio estava sendo examinado pelo médico e que criança não podia entrar para não encabular o avô. A permissão de entrada só foi concedida a Paulo Afonso quando este se identificou como o filho que ainda não tinha visto o pai.

Os demais ficaram na sala de espera. Os adultos quase engolindo os dedos de tanto roer as unhas. As crianças ansiosas olhando para o vasinho questionando sobre a hora em que acabaria o exame.

Elisabete deixou-os o foi conversar com o médico. Andou por um corredor comprido com muitas pessoas aguardando a chamada. Estranhamente ninguém lhe era indiferente. Olhava aqueles rostos sofridos, expressando dores e via em cada uma o rosto do próprio pai. Entrou no consultório do Dr.Aloísio, cumprimentou-o e logo perguntou sobre o estado de Antônio.

- Elisabete, seu pai está estável. Sem alterações. As funções renais estão funcionando bem, a pressão arterial está controlada e os pulmões também.

               - Ele ainda está inconsciente? – perguntou Elisabete.

- Sim, ele ainda está inconsciente. Nada podemos fazer a não ser esperar que ele volte. É um mistério. Você tem que entender que ele não está morto. Ele apenas está preso dentro de si mesmo. Não é algo que se pode curar com remédios. O que fazemos por ele é alimentá-lo, banhá-lo, medicá-lo, mas acordá-lo....

- Por quanto tempo ele ficará assim?

- Não sabemos. Mas olhe Elisabete, vocês devem estimulá-lo a voltar. Conversem com ele. Peça-o para que volte. Fale das coisas que ele gosta.         

Elisabete lembrou-se do vaso.

- Doutor, meus filhos e meus sobrinhos ainda não sabem do estado do avô. Eles trouxeram um vaso com legumes da horta que ele cuidava. Meu pai era muito apegado ao trabalho da terra. Será que eles poderiam entrar no quarto com o vaso?

Mal terminara de falar, doutor Aloísio balançou a cabeça negativamente e um frio passou pela barriga de Elisabete.

- Infelizmente as crianças não estão autorizadas a entrar no quarto de UTI. São normas do hospital. Quanto ao vaso ... não deveria, mas vou autorizar.

Elisabete sorriu aliviada.

(Continua...)

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